O setor de cruzeiros segue em forte expansão e tem recebido aprovação crescente das comunidades locais, de acordo com dados apresentados na Conferência Cruise Europe, realizada em Copenhague.
Simone Maraschi, presidente da Cruise Europe e diretor da Cruise Gate Hamburg, destacou o compromisso da indústria com práticas mais sustentáveis e a importância do diálogo com os destinos.
“A comunicação clara e honesta é uma das ferramentas mais poderosas para construirmos um futuro mais sustentável”, afirmou.
Ele reforçou que, embora o setor tenha demonstrado resiliência e crescimento em 2024, ainda enfrenta desafios como o aumento da pressão por parte de comunidades, mídia e órgãos reguladores.
No entanto, vê oportunidades: com transparência e engajamento, é possível construir confiança e combater percepções equivocadas.
PESQUISA REVELA PERCEPÇÃO POSITIVA
Dados preliminares de uma pesquisa conjunta entre as entidades Cruise Europe, Cruise Baltic, Cruise Britain, Cruise Norway e MedCruise revelam que, em média, o turismo de cruzeiros representa cerca de 7% do total de visitantes nas localidades analisadas.
Mais de 60% dos portos não relatam impactos negativos relacionados ao turismo em geral, enquanto 40% indicam algum nível de pressão.
Para Maraschi, isso reforça a importância da gestão colaborativa e sustentável do crescimento turístico.
O destaque mais positivo, segundo ele, é que 65% dos portos participantes da pesquisa relataram uma percepção favorável da população local em relação ao turismo de cruzeiros, sugerindo que a atividade é vista como benéfica e gerenciável.
AVANÇOS AMBIENTAIS E ENERGIA EM TERRA
O uso de energia elétrica durante a estadia dos navios nos portos (shore power) foi outro ponto celebrado, especialmente no norte da Europa, onde os investimentos em infraestrutura já permitem uma adoção crescente da prática.
“Hoje, não estamos apenas discutindo o potencial da energia em terra — já estamos utilizando esse recurso. Isso mostra cooperação, liderança e determinação”, finalizou.
O mercado global de cruzeiros deve ultrapassar 40 milhões de passageiros em 2025, com destaque para a Alemanha, o segundo maior mercado de origem, com cerca de 3 milhões de passageiros — metade deles atendidos pela AIDA Cruises, segundo o presidente da companhia, Felix Eichhorn.
Navios modernos como o AIDAnova têm apresentado reduções de até 65% nas emissões de CO2 em comparação com embarcações lançadas há 20 anos.
Uma semana de cruzeiro hoje emite cerca de 300 kg de CO2 por passageiro, o equivalente a um voo entre Copenhague e Barcelona.
Em relação à energia em terra, a AIDA saltou de 65 conexões em 2023 para 360 em 2024, com meta de 500 em 2025 — o que representa uma conexão elétrica em metade dos portos do norte europeu onde a empresa opera.
O vice-presidente da Câmara de Copenhague, Klaus Mygind, anunciou que em 2 de junho será inaugurada uma estação temporária de shore power com capacidade para dois navios.
A instalação permanente, prevista para 2028, será a maior da Europa, com capacidade para atender cinco embarcações simultaneamente.
Mygind defendeu a criação de uma jornada turística neutra em carbono, afirmando que os cruzeiros, por serem sistemas fechados, oferecem uma oportunidade única de aplicar soluções climáticas consistentes.
Fonte: Seatrade Cruise News, reportagem de Holly Payne, publicada em 7 de maio de 2025.